sexta-feira, 13 de abril de 2012

O invejoso...








Há quem diga que a inveja é a arma dos derrotados. Mais sábio dizer que a inveja é a arma dos frustrados e sem objetivos, ou que desconhecem seus objetivos e agarram-se aos objetivos alheios.
Sobre a inveja há muito para se pensar, um tanto para lastimar e pouco a entender. Não é à toa que a tal ‘inveja’ desfila toda sua ‘soberba’, ‘luxúria’ e ‘avareza’ entre os pecados capitais. Louca para destilar sua ‘ira’, sem nenhuma ‘preguiça’, consumindo com toda sua ‘gula’ os objetos de seu desejo. A inveja é, sem sombra de dúvida, um dos pecados mais cometidos pela humanidade. E é sem nenhuma dúvida também, o pecado que mais mal causa às pessoas. Aos invejosos e aos invejados. Nenhum pecado seria mais capaz de destruir pessoas e sentimentos que a traiçoeira inveja. E é também, o mais camuflado dos pecados. Fica ali, à espreita de uma chance para tomar conta do espaço na alma do invejoso e da carne e do sangue do invejado. Talvez por isso, nem mesmo o próprio invejoso seja capaz de exteriorizá-la a ponto de conseguir defini-la. 
O invejoso é incapaz de admitir sentir inveja. Ao contrário, ele apenas quer para si o que o outro tem, mas em sigilo. Na maioria das vezes ele desdenha, critica, zomba e desfaz daquilo que, na verdade, o consome por dentro por não possuir.
Como diria o médico e histologista Ramon Cajal: ‘A inveja é tão vil e vergonhosa que ninguém se atreve a confessá-la. ’ Ninguém confessa senti-la. Ninguém admite ser fraco o suficiente para cobiçar o que é dos outros por pura incompetência de não alcançar por si mesmo.
O invejoso não tem vida própria, nenhuma ou quase nenhuma vida social. Suas energias são focadas no que não é seu e, com isso, sua alma, órgãos e pensamentos são alimentados pelo ódio, gerando doença física, mental e, principalmente, espiritual. 
É um constante injustiçado, culpa aquele que tem tudo que ele deseja e não sabe como fazer para alcançar. Geralmente, o invejoso diz ser alvo de inveja, diz ser alvo de perseguição. Mas é fácil parar e analisar que o invejoso quase nunca tem nada a oferecer. São fracassos atrás de fracassos. Ele acumula derrotas, inimizades, desafetos. Cria confusões, ameaças, problemas, denigre a imagem alheia. Assim, deve sentir-se menos derrotado e menos nada. Mas ele não consegue enganar por muito tempo. As máscaras do invejoso são superficiais e óbvias demais já que, o principal defeito do invejoso é ‘se achar o máximo’. Geralmente é descoberto e deixado de lado. E é aí que o maior problema se instala. O invejoso não tem amigos nem mesmo dentro de seu próprio lar. E essa falta de laços, esse abandono ao qual ele mesmo se submete com suas atitudes, faz a inveja, a cobiça e a ira aumentarem e se acumularem dentro do coração vazio que bate em seu peito. É nesse ponto que o invejoso torna-se psicótico, capaz de magoar, ferir, ofender, injuriar e, realmente, capaz de qualquer coisa para atingir de forma a machucar o alvo de sua inveja. 
Mas mesmo em seus surtos psicóticos o invejoso é fraco. Suas armas são infundadas e sua fraqueza é tanta que, na maior parte das vezes, ele se esconde. É covarde a ponto de jamais falar a verdade e jamais terá forças suficientes para assumir suas falhas e erros. Ele não pensa em mudar e fazer melhor, na maioria das vezes acredita estar com a razão. O invejoso não olha para si, por medo de notar que é apenas um buraco vazio repleto de nada.  
Seus relacionamentos são superficiais, seus sentimentos de amor e carinho são frágeis e não se sustentam. Suas dores são infinitas e, por isso, ele despeja mágoa e sombras sobre os que têm a infelicidade de com eles conviver. O invejoso não consegue entregar seus sentimentos às pessoas. Ou, pior ainda, não tem sentimentos para entregar às pessoas.
É digno de pena, ou digno de nada. O invejoso incomoda e atrapalha aqueles que conhecem suas tramas e subterfúgios. Sua existência é dolorida para ele mesmo e para os que o conhecem. Seria cômico se não fosse perigoso. Na verdade, chega a ser cômico e motivo de piadas, mesmo sendo perigoso. Ele deseja as virtudes de outrem, desfaz, mas não esquece jamais. Fica no canto, camuflado, no escuro, sugando, acumulando a raiva, condenando o que tem mérito.
O fato é explícito: O invejoso vive de justificativas sem jamais convencer. Não existe proteção contra o invejoso, nem patuás, nem amuletos. 
Também não existe quem queira ser um invejoso. Não é algo que se seja por vontade própria, mas sim, por possuir uma essência tão escura e amarga que acaba atraindo todas as energias negativas para dentro de si e as espalha como se fosse uma forma de expurgar sua falta de virtudes. Acostumou-se tanto a ser sombra, que se sente realizado assim, distribuindo maldade, má fé e raiva contra todos ou qualquer um que passa em seu caminho.
Contra o invejoso, o segredo é continuar a fazer o seu melhor e fazer da sua vida uma vitrine para que ele continue se alimentando de ódio e sua alma fique cada dia mais doente até que ele morra de vez e se enterre em seus piores sentimentos.

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